Resumos de Dissertações e teses: Brincar é Estimular? Preensão, Função Manual e sua estimulação em pré-escolares com paralisia cerebral do tipo hemiparesia espástica
Abstract
A preensão e a função manual de crianças com paralisia cerebral podem ser prejudicadas em diversos graus de acordo com o tipo de comprometimento e também pela forma como elas são estimuladas para desenvolverem suas habilidades manuais. O objetivo desta pesquisa foi o de caracterizar a preensão e a função manual de crianças pré-escolares com hemiparesia espástica e descrever como a estimulação é realizada a partir do auto-relato das mães dessas crianças. Dez participantes compuseram a amostra, distribuídos em dois estudos. No Estudo 1 participaram cinco crianças com hemiparesia espástica à direita, com idades variando de 56 a 86 meses (média 70.8 meses). Dois testes, denominados “teste 1“ e “teste 2“ , foram aplicados. O teste 1 foi o “Domínio da Preensão”, do instrumento “Quality of Upper Extremity Skills Test” (QUEST) a fim de caracterizar a preensão das crianças. O teste 2 foi o “Jebsen-Taylor Hand Function Test”, com o propósito de analisar o impacto da deficiência motora na função manual da criança com hemiparesia espástica para seis tarefas representativas de atividades funcionais. Como resultados, os dados do teste 1 indicaram que as crianças com hemiparesia espástica apresentaram padrões de preensão compatíveis com o de crianças de desenvolvimento típico, porém em estágios anteriores de desenvolvimento. O objeto que apresentou maior variedade quanto ao tipo de preensão empregada pela criança foi o lápis e tais diferenças foram evidentes no lado hemiparético. No teste 2, por meio da análise estatística de média e desvio padrão do desempenho de tempo, teve-se como indicativo que todas as crianças foram mais lentas para a realização das seis tarefas funcionais no lado comprometido pela deficiência motora. No Estudo 2, participaram as cinco mães das crianças do estudo anterior. Por meio de uma entrevista semi-estruturada, o auto-relato das mães sobre como elas concebem e realizam a estimulação foi abordado, principalmente sobre a área de desempenho do brincar das crianças. Os dados foram analisados a partir da análise temática do conteúdo. Como resultados, os principais achados sinalizaram que o uso das mãos foi um indicador apontado pelas mães, na identificação de que suas crianças apresentavam problemas no desenvolvimento. As mães relataram como finalidade da estimulação a funcionalidade do lado hemiparético em suas crianças para diversas atividades. Quanto aos tipos de brinquedos que as crianças brincam, identificaram-se características de tipificação sexual e para todas as crianças, a análise dos brinquedos por componentes de desempenho indicou que há um repertório de brinquedos que favorecem as habilidades manuais, porém poucos apresentaram diversidade de propriedades sensoriais, fundamentais para essas crianças. Na descrição de brincadeiras, foram observadas as representações simbólicas, expressadas nos papéis ocupacionais familiares e escolares. As mães pareceram diretivas na estimulação da função manual de suas crianças, realizando-a durante tarefas funcionais, em especial, nas atividades da pré-escola e atividades da vida diária. A atividade de brincar como estimulação foi pouco reportada. Como modelos de estimulação, as mães descreveram basear-se nas práticas de estimulação dos terapeutas de suas crianças, o que ilustrou a influência dos profissionais de reabilitação nas práticas parentais de estimulação da criança com deficiência física. Por fim, o brincar é destacado como um meio essencial para estimulação da função manual na criança com hemiparesia espástica, o que reafirma que brincar é também estimular. Recomendações para outros estudos e implicações para intervenções são discutidas.
Palavras-chave: paralisia cerebral, preensão, brincar, brincadeira, função manual, mão, estimulação.